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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

domingo, 12 de abril de 2009


Meu olhar vagueia pela imensidão do tempo que tenho à minha frente.
O espaço imenso me assusta e me retraio um pouco, numa vertigem.
Qualquer tempo é excessivo quando se caminha sozinho.

Mas eu, se pudesse pedir,
queria me balançar numa cadeira velha
sentado numa varanda iluminada,
me aquecendo sob os raios do sol
num dia claro e frio de inverno,
fechar os olhos,
me entregar
ao passar das horas,
até adormecer.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A vida em suspenso.

E do meu verso não brota mais a vida.
Foi-se a exuberância dos dias
e as palavras saem ásperas
áridas, impróprias, impuras.

Gira o vento em volta, frio e úmido
levando e trazendo nimbos negros
em torvelinhos de demônios opressores.

Cinza, chumbo, buraco negro
meu leito é hoje minha masmorra,
vórtice medonho onde se esvai a vida,
onde cometo suicídio ao nascer do dia!

Fujo da luz pálida e triste desta aurora de porão.
E meu verso... que é do meu verso?
Meu verso depende do sol dourado e límpido
de um olhar,
mas o sol se foi entre os nimbos negros
da solidão.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Há um meio especial de se evitar o sofrimento(...) Tudo é apenas um caminho entre milhões de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstancia. Para ter uma clareza dessas é preciso levar uma vida disciplinada. Só então você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que seu coração lhe manda fazer. Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quantas achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa: Esse caminho tem coração? Todos os caminhos são os mesmos: não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam o mato, ou que entram no mato.
Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, compridos, mas não estou em lugar algum. A pergunta agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta.
Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir será um com ele. O outro o fará maldizer sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece.
( Carlos Castaneda - A Erva do Diabo)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

sábado, 4 de abril de 2009

A boca maldita.

Minha palavra é frívola e superficial

tocando apenas o esboço das ideias mortas.

Não digo a ti o que pensas,

não imponho ali o que saia da tua boca.

Avento o tema, eis tudo!

Não exulto por vo-lo haver presenteado.

Apenas atiço a chama.

O crepitar,

deixo-o à vossa lide,

ao vosso pensar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pela minha janela vejo entrar
luares esplêndidos
e auroras coloridas e sonoras.
Vem dali a brisa da tarde
acalmar os meus olhos do ardor do meio dia
e meu coração se abranda quando ali me debruço
a ouvir trinados em surdina.
Pela minha janela entra um sonho
ao anoitecer
e me traz uma lembrança,
um querer sem tamanho,
uma saudade, e só...
Saudade! do meu bem.

segunda-feira, 30 de março de 2009




Velho não sou que lamente as dores,
já passei pela morte do esquecimento.
Encerro em meus sonhos milhões de frases
perfeitas e belas, tão bem construídas
e jamais proclamadas.
Já falei demais quando me deixaram.
Aos ares gritei, e vezes sem conta,
inútil palrear em sentenças ocas,
por obsoletas que fossem
como obsoleto se fez o tempo.
Não lamento, decidido está,
tenho-nas agora, lacradas
experiência ilustrativa
e alegórica sabedoria,
tudo tão claro e simples
em ouro branco e marfim
num sepulcro caiado de lembranças frias.

sábado, 28 de março de 2009

O menino brinca descalço na chuva,
no riacho que sobe a calçada de pedra.
Salta, chuta e ri
com a água que canta na pedra.

Um adulto grita da porta,
"sai da chuva menino!"

Não saia, menino,
meus olhos suplicam.
Da minha janela,
saltam no tempo
correndo
entre pingos gelados
e junto à calçada de pedra
no riacho da chuva
ri com o menino, chutando a água
brincando de ser
criança.

sexta-feira, 27 de março de 2009


Cai a primeira chuva do outono!
densa, fria e constante
lavando o mundo dos excessos do verão.
Ah, meu coração! como seria bom
se fosse assim com nossas almas
onde uma chuva densa e pesada
sem relampagos ou trovoadas
silenciosa
como um choro de desabafo,
desabasse sobre nossas mágoas
nossos pequenos dissabores
levando-os numa enxurrada
pra longe
e os lançasse num rio caudaloso
onde se diluissem por todo o sempre!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Que dirá do meu gesto
minha consciência ao despertar?
nada fiz e por isso me condeno
ainda que não veja definido
o semblante da desonra.

Carrego comigo culpas ilusórias
criadas no ardor das horas tardias
sujas e ardentes da insonia.

Que dirá do meu gesto
que dor, que sofrimento
experimentará meu coração
quando chegar a hora do encontro
e olhar estupidamente o vazio,
branco e lívido,
pleno de torturante ausência?

Me dirão por certo, tolo!
Venceste a morte
para te atirar no abismo!



quarta-feira, 25 de março de 2009

Falso Diamante


I

Brilhavam em miríades de cores fulgurantes
mil facetas de punhais
na minha íris descoberta e gentil
mil lanças luminosas estocavam
meus ossos efêmeros e cansados
mil cantos de sereias
encanto fatal
moldando meus sonhos
infantís, sequiosos, vorazes
mil facetas díspares, límpidas e belas
infinitas estrelas,
num quebradiço
cristal.

II

Eu odeio porque finjo
não quero o perdão e não me dou razões
sigo em prol da minha senda
não olho pra traz
não vejo o trôpego ao lado
avanço
e sem dor, sem tédio, sem frio,
sem fome, sem o choro das horas amargas.
Sigo, à desesperança do dia,
incólume!
No amanhã, quando chegar
recomeçarei tudo, a critério
não vou, não fico
eu odeio
porque finjo
não sei o que sou.
Voa minh'alma sobre os pântanos
da ultima luxúria
e ainda se lê as sombras da derradeira noite agreste.
Desgarrada das últimas amarras
incrédula
paira nos ares e espera
o desenlace,
o momento crucial da liberdade.



terça-feira, 24 de março de 2009

Sou ser dramático, bem sei.
As emoções deixo fluir
quando a toda brida
partem a galope
como potros selvagens na campina
indomáveis
crinas eriçadas ao vento das paixões.
Me consumo perseguindo
desejos impalpáveis
em noites inquietas, assombrosas.
E sob a lua que me atinge da janela
ante um incontido grito primitivo
dois olhos em fogo
suplicam,
compaixão!

domingo, 22 de março de 2009

Saudade de toda hora.

Que saudade, benzinho!
saudade de toda hora
saudade de cada minuto
saudade do que ja sonhei
saudade do que viví
saudade do que serei
saudade do que passei
de bom e de mal também
a vida é assim
uma saudade cronica
se instalando em mim
no primeiro segundo sem ti.


sábado, 21 de março de 2009


A linguagem simples do coração,
assim expressa,
num átimo,

num lampejo de olhares,
traduz empatia, compaixão,
entendimento que aflora
no alvorecer da existência.

ao entardecer já nos fechamos,
e foi há tempos,
embrutecidos
e sós.