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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Há sempre uma severa melancolia permeando a alma de um poeta. São lembranças que vem de outra esfera e trazem consigo sentimentos diáfanos, como uma saudade imprecisa de algo que se viveu, mas que não se sabe onde nem quando.É como se tivesse em certo momento desenvolvido uma amnésia parcial que deixasse apenas as sensações de fatos vivenciados em outra época.
Mesmo quando fala do momento presente o poeta incorpora experiências passadas, ilusórias ou não. Se fala de momentos já vividos, por certo terão sido bons para deixar assim sua marca na alma e no inconsciente.
E se nada disso se passou de verdade num tempo anterior e indefinido; de onde então parte essa melancolia que nos faz parar no meio do dia, o olhar perdido no infinito a buscar pela definição de uma sensação, pela emoção de uma frase reveladora que ilustrasse a descoberta em um átomo de tempo, de uma fagulha de sentimento puro e cristalino que na maior parte das vezes nos escapa?
Pois, o que o poeta faz, nada mais é que captar, numa ínfima parcela de tempo, o instante fugaz da revelação, partindo de sua alma, de sublime amor pela vida.