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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Me cansei de poesia
me cansei de todo verso inútil.
Estou aqui sentado à espera do momento
em que deveria apagar todas as reminiscências,
todas as dores; que o poeta vive delas todas
oriundas de fatos ou não, criadas por vezes
na sua imaginação fértil, e mesmo assim vividas em plenitude.
Mas me cansei.
Estou para ser materialmente prático
egoísta, e estipular metas de vida.
Sem sonhos, sem ilusões, sem amores falsos,
e nenhum transtorno se ela não me responder amanhã.
Estou pronto, uma arma na mão
uma corda pendurada no teto
e o fim que se avizinha.
E no entanto
a coragem se esvai na primeira inspiração.
Saudade sem tempo,
sem direito à lembrança.
Saudade de um dia de frio intenso,
do salmão desandado no almoço de domingo,
desagrado passável, risível em cumplicidade.
O pinhão saboroso na sala
em frente à televisão,
o acidente da câmera, caindo sem cuidado
no gramado do jardim na hora da foto.
Saudade do Matignon
em noite de lua e vento frio,
o passeio no parque,
o passeio na cidade em tarde banal,
tarde de televisão, olhando fotos no computador.
Café da manhã com mel e vinho seco na mesa.
Calma de horas sem porvir
e nenhum tempo para Ser...
Oh! que pena! sem tempo de Ser!