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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

domingo, 2 de agosto de 2009

No meu pátio havia uma fonte, e ela era das coisas que eu mais amava. Minha fonte vertia água cristalina que corria cantante entre pedrinhas brancas e findava num lago singelo coalhado de nenúfares brancos que eram um deleite para os meus olhos. Minha fonte era um sonho.
Um dia veio o inverno baixar suas brumas de cinza e chumbo sobre meus tesouros. Meus olhos não viram mais a singeleza do lago e meus ouvidos tornaram-se surdos para o canto das águas que antes corriam pelas pedrinhas brancas. Passou-se um tempo nem curto, nem muito longo, mas suficiente para que meus olhos se habituassem à escuridão da cegueira e meus ouvidos ao silencio da surdez.
Como não há mal eterno, veio também o dia em que de longe vi as brumas se dissiparem. Corri à minha fonte, saudoso do seu canto e da visão do lago de nenúfares brancos. Meus olhos constataram com incredulidade que o impossível havia acontecido: Minha fonte havia secado!
Não chorei a morte da minha fonte. Desviei o olhar. Um momento depois virei as costas e parti em direção às montanhas onde, ao nascer do dia, tinha ouvido um riacho correr entre as pedras, formando corredeiras e cascatas, e meus olhos ansiavam pela paisagem que poderia descortinar la de cima.