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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

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A noite se fez branda à beira-mar, silêncio e ruído de passos na areia molhada, onde caminhando vou, levado por um desejo de me entregar à quietude da hora quando águas calmas da maré alta vêm afagar os meus pés numa carícia deliciosa.
Pouco a pouco sossega meu espírito, como bebê cujo embalo vem do mar.
Mar tranquilo, que vejo agora sentado na areia, admirando seus movimentos, ondulações em linhas suaves, uma espuma ou outra, pequena, se formando no refluxo das ondas.
Pequenas ondas que apenas tocam a praia, numa dança lenta, me tocando também onde estou sentado.
Meus ouvidos abarcam as distancias povoadas de murmúrios em casebres de pescadores na hora de dormir.
Não me sinto mais vivente, sou névoa, neblina branca, parte das emanações que sobem da água salgada e pacífica.
Meus olhos se perdem no infinito aquoso. Na noite envolvente, sinto seus movimentos e percebo que tem vida, que sente, que se farta também do mundo exterior. Estamos próximos demais, eu e o mar, nos identificamos um com o outro. Sei que ele tem suas horas de repouso e melancolia, de saudades e de sonhos.
É um corpo que vibra, que ama, e nessas horas ele se mostra o mais terno, singelo amigo.
Me dispo e caminho relaxado em direção às ondas, passo a passo vou entrando no seu corpo líquido, fecho os olhos e recebo seu abraço, envolvente, cálido, energizante. E assim sou levado de um lado ao outro, embalado no mais puro e divino amor das ondas afetuosas  e maternais do oceano noturno.