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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

sábado, 30 de novembro de 2013

Tarde de prata nas calçadas da cidade.
Entre silêncios, zumbidos de insetos e gritos de crianças à distância, 
procuro por ela quando o carrilhão da igreja soa as horas quebradas do dia.
Pela fresta da cortina meus olhos vasculham o pátio
onde labutam as formigas sob o sol inclemente de novembro e de volta ao sofá,
velho amparo, carcomido, desbotado e puído pelo tempo,
meus braços alcançam o vazio da existência.
O ar frio que sopra na sala não vem carregado com o som do seu riso
e então saio à varanda
e através do jardim, sob a asfixia da canícula
apenas olho a rua,
inconsolado.

sábado, 2 de novembro de 2013

Hoje minhas gengivas sangram no calor da noite
e odeio as preces que meus lábios podem proferir.
O asco me invade ao ver o sorriso odioso no rosto do vizinho
ao passar por mim todas essas manhãs ensolaradas
e percebo que de fato me cansei do planeta medíocre em que habito.

A hora da partida é uma incógnita.
Não posso chamar, pois é incerto se serei ouvido.
Me canso da espera quando sinto que o dia renasce
e um cansaço profundo prostra-me a alma numa alcova suja.

Mais tarde, pondo meu chapéu de abas largas e cor preta
sairei às ruas para mais um dia de cordiais cumprimentos.