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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

sexta-feira, 8 de maio de 2009



Ah...meus dias insanos! Esses dias insanos!
E bem pouco se passou... meu coração jazia além
morto
no coração de alguém.
E ainda
que bem já teria apodrecido
mas ressuscitado
numa sobrevida
gozou de momentos lúbricos.

Insanos dias esses
de deleite e desonra
num mesmo instante.

Luxúria,
amor e pecado
prazer, concupiscência,
e desprezo fatal.

O fim.

Me encanta o meu riso
convalescente e tímido
depois dos estertores da dor.

Me encanta o meu riso
quão fugaz ele seja
temeroso e frágil.

Me encanta o meu riso
brotando no peito
agradável chama me aquecendo.

Me encanta o meu riso
como uma flor
renascendo
na pedra endurecida
da lava do vulcão.

Meu riso amanhã vai ecoar
pela casa
e como o vento no verão
vai entrar em cada vão
em cada gaveta de memorias arquivadas
ecoará nas pedras da rua
e as crianças olharão espantadas
e exclamarão atônitas:

- Olha! ele está feliz!

Lembranças me vêm, de algures
como algo de que perdi a memoria.
Alguma coisa estava aqui um momento atrás
e se foi, assim, apagou-se!
sem que eu me desse conta.
Era um acontecimento! isso sei ainda
ao qual minha vida estava irremediavelmente atada.
Não o tenho mais, o momento
e o segredo que ele guardava.

E os risos
os risos sonoros e cálidos
claros e puros como um canteiro de margaridas
onde meu coração passeava
nas faceiras manhãs de domingo...

Silencio.
Manhãs sem musica,
sem vibração de vozes costumeiras
E contudo ainda lembranças
me vêm como relâmpagos.

O esquecimento é isso.
Uma amargura sem nome
um despertar sem cor
como uma folha de onde se apagou a escrita
e a escrita era poesia
a poesia era acalanto
que embalava a vida.