Minha foto
Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

domingo, 18 de outubro de 2009


A mulher que eu amo tem o frescor das manhãs de maio. 
Ela sorri com a singeleza dos jasmins que florescem no jardim 
e adoro o jeito como ela se porta ao ajeitar a blusa branca 
de rendas e mangas curtas. 
Ela tem o rosto muito enrugado mas amo o brilho dos seus olhos, 
o som da sua voz me acaricia e me acalma, 
me fazendo sorrir com tamanha tranquilidade. 
Ela tem oitenta, cem anos talvez 
mas eu vejo nela a mocinha que um dia acalentou os meus sonhos, 
seu jeitinho deslumbrante de me olhar nos olhos, 
seu modo de falar sem palavras, 
seu caminhar calmo e compassado, seguro e de porte altivo, 
o suspirar quando a abraço com ternura, 
o riso cúmplice quando de manhã soltamos gazes na cama 
ao despertar modorrentos e pesados. 
Choramos na partida de um ente que se foi prematuramente 
ou rimos de comum acordo de uma piada sem graça 
lançada ao acaso no correr do dia. 
Minha companheira é linda e sou grato por ela ser assim 
por tê-la comigo até esses dias incertos 
da minha inoperante ancianidade. 
E a amo nas horas inseguras do final de mais um dia, 
no inicio da noite quando ela me segura com a mão firme 
e me diz com calor na voz: Oh! Estamos bem!