Minha foto
Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Não escrevo mais , é só isso
morri, provisoriamente, de uma morte intempestiva
e no meu funeral nem eu compareci.
Mas estou morto é só isso
e ninguem sabe; cuidado! é segredo!
Quando eu voltar da minha morte, se voltar,
te aviso.

quarta-feira, 14 de março de 2012

O dia começou bem estranho. Algo me incomodava desde os primeiros minutos logo após o despertar. Conheço bem essa sensação. É quando meu corpo me diz que vou me arrastar pelo dia como um molusco, um caramujo ou simplesmente uma lesma em todos os sentidos pejorativos.
E mesmo que tome três cafés sem açúcar na parte da manhã isso não ajuda, até me deixa mais ansioso em tudo que faço. Deito alguns palavrões boca a fora quando não acerto um detalhe no que estou fazendo ou quando o site requerido demora a carregar. E assim a tensão vai aumentando no decorrer do tempo. Quase expludo no meio do dia e fecho tudo para me recolher numa introspecção à hora do almoço. Almoço é modo de falar pois não há almoço propriamente dito. O estômago não resiste a mais que uma fatia de pão com gergelim. Ou uma colher de mel. Volto logo depois aos afazeres que o dia exige mas, ao meio da tarde preciso parar novamente. Uma angústia me domina e preciso pensar. No entanto não penso. Somente sinto. Fecho tudo de novo e me recolho à cozinha numa urgência de fazer um lanche. Hora do café da tarde! Vamos lá.
Ponho a frigideira no fogo, quebro um ovo no óleo quente e observo todo o processo cuidando muito para não quebrar a gema. Coloco duas fatias de pão integral no prato e, quando no ponto, deito o ovo por cima. Apenas isso, sem me esquecer de alguma pitada de sal.
Me sento então e cortando tudo em fatias, pensativo, aquela angústia volta com toda sua crueza e declara seus porquês. Penso enfim com saudade. Uma saudade antiga. Uma saudade de eras. Uma saudade cuja idade se perde no principio dos tempos, me parece.
Enquanto como meu lanche, lágrimas sinceras correm pela face, se misturam no pão e temperam com um sabor de jiló o que antes era mais um hábito insôsso. Penso comigo, se alguem me visse agora seria realmente cômico. Daríamos boas risadas dessa situação.
Pego a toalha de papel e seco meu rosto, meus lábios e por fim assôo o nariz. Choro sem razão, me digo. Por fim numa reação de revolta meu nariz se irrita e espirro. Duas, três vezes. Termino meu lanche e vou ao banheiro lavar o rosto.
Ainda tenho uma boa parte do dia para aguentar.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O que fazer se havia entre nós meio século de silêncio e medo
e grilhões que não se quebram num único alvorecer?
Sinto pena de mim, se a mandei embora por um receio infundado
de perdê-la.
Ela partiu e ainda no caminho, um olhar sobre meu rosto
num pedido mudo de perdão; perdoar?
o quê? Deus meu!
e quando desapareceu nas brumas da memória
fiquei ali, parvo olhar vagando no infinito
com meio século de medo,
a dilacerar-me os ombros.