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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Hiroshima 8:15


Agnelo Quelhas
Oh! Hiroshima, Hiroshima!
Por que te esquecestes de mim?
Eu pairava sobre teu povo e dormitava em suas esteiras
ao raiar do sol das 8 e 15, aquele dia.
Me surpreendo ainda olhando no passado:
eu estava no berço e chorava pelo seio materno,
onde minha mãe? onde? onde os braços protetores?
Onde os homens que usurparam minhas asas
para com outras
metálicas, de duro brilho sobre meus ombros
duros algozes,
virem queimar minha relva no meu jardim
e trucidar minhas papoulas inocentes e úmidas no amanhecer?
Venham homens do poente com vossos encouraçados estúpidos
quero ofertar-lhes o meu perdão!
Oh! Hiroshima! Hiroshima!
Lembra-te de mim ainda!
Lembra-te de mim em todas as pedras calcinadas de teus prédios
de teus muros, da cada calçada
onde ouviram apressados e sem rumo
meus passos
naquele dia.
Lembra-te de mim que ainda procuro aqui o meu jazigo,
meu leito que não me destes, porque ainda vivo eu em ti.