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Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Me encontrando à margem dos fatos,
sentado num canto mais afastado de todos,
medito nas atitudes dos homens que jogam cartas.
Meu relógio de ouro marca o tempo que não vivo,
duas horas sem vida, mais meio tempo de uma morte improvável,
e marcará mais tempo ainda, além do que for do meu desejo.
Horas e horas que contemplo a vida passando à minha frente,
enquanto homens jogam cartas numa mesa de bar.

Fernando Fiqueiredo

Reoriento meus sentidos
e vejo a sentinela que grita um alerta,
a sentinela me diz que o tempo não é meu.
Me sendo dado por empréstimo
não devo joga-lo, como fazem os homens nas cartas,
ele não me pertence.
Mas tenho um relógio dourado
que conta implacável o escoadouro do tempo
e o que já foi esbanjado me será cobrado, é certo.
O que ainda está por vir também me será cobrado,
e somando, o que vem é maior que aquilo que já  passou.
Constato então que tenho uma dívida incomensurável de tempo
impagável
segundo o cálculo inútil das minhas probabilidades.