Tarde de prata nas calçadas da cidade.
Entre silêncios, zumbidos de insetos e gritos de crianças à distância,
procuro por ela quando o carrilhão da igreja soa as horas quebradas do dia.
Pela fresta da cortina meus olhos vasculham o pátio
onde labutam as formigas sob o sol inclemente de novembro e de volta ao sofá,
velho amparo, carcomido, desbotado e puído pelo tempo,
meus braços alcançam o vazio da existência.
O ar frio que sopra na sala não vem carregado com o som do seu riso
e então saio à varanda
e através do jardim, sob a asfixia da canícula
apenas olho a rua,
inconsolado.