e essa saudade inevitável

- Flavio Dutra
- Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)
sábado, 25 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
numa vã tentativa de alcançar a boca rubra
onde teu sorriso cria luzes do amanhecer.
Meus sonhos voam com eles nesse desejo
que maltrata minha carne
deixando uma dor que me tortura tanto...
Em noites abafadas de lençóis úmidos e pranto contido,
angustiado me reviro no leito
e minhas mãos buscam a pele quente
do teu seio...
mas em meio ao silêncio e a escuridão da noite sem lua
meus lábios sedentos apenas sussurram teu nome...
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
pelo caminho, sorrisos e promessas
e fantasmas que se vestem de realidade.
Sorrisos e lágrimas inúteis preenchem meu caminho;
nada me dizem, afinal
entre a multidão que me atravanca os passos,
aquela que busco ainda me parece perdida.
Saberá ela que busco? que não desisti do encontro?
E sentando-me para um descanso
da azáfama do dia
me lembro dos seus olhos profundos como o mar
num dia de calmaria
e minha esperança se renova
meu coração se inflama num respirar profundo
e prossigo, olhando, olhando...
sobre todas as cabeças, todas as mentes mentirosas.
E a busca prossegue...
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Ela estava sentada ali havia horas, o livro no colo, concentrada demais na leitura, os cabelos caindo sobre o rosto. Mal percebeu quando entrei e me sentei na poltrona, no canto mais afastado. Depois de um interminável minuto de silencio levantei-me e caminhei pela sala sem vontade. O crepitar do fogo na lareira tinha um som distante e já não familiar. Parei na janela olhando a cidade e as árvores cujas folhas eram agitadas pelo vento úmido de julho.A vida seguia seu curso indiferente às pequenas e insatisfeitas vontades que surgiam, morriam e renasciam num pequeno bangalô de subúrbio.
Voltei-me olhando com insistência seu perfil sério e distante. Aproximei-me delicadamente sentando-me o mais próximo que me permitiu o temor de entrar no seu silencio. Depois de um momento olhando calado, afastei com cuidado uma mecha de cabelos e beijei seu rosto. Me olhou de relance com um olhar vago e um sorriso que apenas passeou pelos lábios. Seus olhos voltaram ao livro e eu fiquei ali, o tempo suficiente para que a dor aguda que inflou meu peito amainasse. Depois, silenciosamente levantei-me, abri a porta e sai. Na rua o vento soprava , frio e úmido, eternamente.
domingo, 5 de setembro de 2010
fechado
repleto de ensinamentos herméticos
e dádivas para quem ali se aventura.
Poucos passaram da introdução,
muitos foram além
mas não abriram o capítulo do coração.
Ali ha uma chave, um segredo criptografado.
E eu aqui sentado, de frente para você
ansioso por ter-te guardada aqui, no meu intimo
te ofereço todas as chaves, todas as senhas
para que o abra,
e conheça o mais importante de mim
e quem sabe talvez, é minha esperança,
você se deslumbre com o que descobrir.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Segue-me como sombra, na memoria, no coração.
Persegue-me em sonhos no calor das horas
pelas tardes embotadas de agosto.
Me apego numa lembrança; ela nada sabe
dessa saudade que me destroça ao fim do dia.
E a onda de perfume que ela leva nos cabelos
e meus olhos faiscantes ao lembrar seu nome
e esse medo de morrer sem que lhe traga um dia
numa dessas manhãs de relva orvalhada,
ou quem sabe, depois
d'uma chuva repentina e trovoadas
e todo aquele aroma de terra molhada,
meu coração nas mãos, inteiro, febril, generoso e brando.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Hiroshima 8:15
Venham homens do poente com vossos encouraçados estúpidos
quero ofertar-lhes o meu perdão!
meus passos naquele dia.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Celia se abrazó a su marido, apretó los dientes y empujó. Y entonces, en una oleada de sangre surgió una cabeza cubierta de pelo oscuro y un pequeño rostro aplastado y púrpura, que sostuve como un cáliz con una mano, mientras con la otra desprendía de un gesto rápido la cuerda azulada que envolvía el cuello. Con otro brutal empeño de la madre apareció el resto del cuerpo de mi nieta, un paquete ensangrentado y frágil, el más extraordinario regalo. Con un sollozo abismal sentí en el centro de mí misma, la experiencia sagrada de dar a luz, el esfuerzo, el dolor, el pánico y agradecí maravillada el valor heroico de mi nuera y el prodigio de su cuerpo sólido y su espíritu noble, hechos para la maternidad. A través de un velo me pareció ver a Nicolás emocionado, que tomaba a la criatura de mis manos para acomodarla sobre el regazo de su madre. Ella se irguió entre las almohadas, jadeando, mojada de sudor y transformada por una luz interior, indiferente por completo al resto de su cuerpo que seguía pulsando y sangrando, cerró los brazos en torno a su hija y, doblada sobre ella, le dio la bienvenida con una catarata de palabras dulces en un lenguaje recién inventado, besándola y olisqueándola como hacen todas las hembras, y se la puso al pecho en el gesto más antiguo de la humanidad. El tiempo se congeló en el cuarto y el sol se detuvo sobre las rosas de la terraza, el mundo retuvo el aliento para celebrar el prodigio de esa nueva vida. La matrona me pasó unas tijeras, corté el cordón umbilical y Andrea inició su destino separada de su madre. ¿De dónde viene esta pequeña? ¿Dónde estaba antes de germinar en el vientre de Celia? Tengo mil preguntas que hacerle, pero temo que cuando pueda contestarme ya habrá olvidado cómo era el cielo… Silencio antes de nacer, silencio después de la muerte, la vida es puro ruido entre dos insondables silencios.
(PAULA - Isabel Allende)
quinta-feira, 1 de julho de 2010
ou melancólico por uma ausência de quem nunca esteve.
Nem chega a ser uma perda pois se nada perdi.
essa dor indefinida que me pressiona
nas manhãs de primavera ao despertar dos pardais
sob uma intempestiva chuva de verão.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
como num amanhecer de domingo,
tendo o coração jubiloso de amor.
Amando então..."cheia de luz no olhar, misturei-me na cidade..."
com aquela vontade irreprimível de compartilhar o que sentia.
terça-feira, 29 de junho de 2010
segunda-feira, 28 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Eu hoje uso meu blog para ler outros blogs de que gosto ou que me interessam por um motivo ou outro.
Tenho uma seca terrível no coração, nenhuma fonte que jorre alegria, nenhuma canção em cascata rolando na pedra.
Vivo meu mundo ôco onde meus sonhos reverberam como nas paredes de uma caverna imensa.
Não sorrio. E se sorrio, é amarelo. Como o enxofre impregnado nessas paredes de tédio .
terça-feira, 18 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
que faço eu de tí?
Ficar não posso que assim me mato
Partir não sei que onde ir não tenho
Sem alento me sento e ponho no CDplayer uma cantata de Bach
momento sublime outro mundo me envolvendo
fuga da realidade fuga...
e enquanto meu espírito levita na sonoridade da sala
busco meu controle na ilusão de ser eu pacífico e lúcido.
sábado, 10 de abril de 2010
domingo, 14 de março de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
E as guerras passaram.
A tormenta se foi, perdendo-se no horizonte,
sublimada em névoa de garoa fina.
Um silêncio me envolve indagador nessa tarde de poente,
quando raios dourados ainda fazem longas sombras nas árvores
e uma paz estranha me deixa incomodado.
Vejo os pardais a brincar na folhagem, vida renovada.
E esse medo de perder tudo, esse momento precioso
me faz quieto, em silêncio reverente.
Sentado num banco de pedra de jardim público
olhando as pessoas que passam, levando batalhas nos bolsos,
me admiro delas e de mim mesmo que já fui assim.
Olho à minha volta e respiro fundo,
me levanto e em passos lentos
caminho em linha reta, em direção aos meus dias seguros.
E logo estarei em casa para uma sopa fumegante de aspargos.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
me cansei de todo verso inútil.
Estou aqui sentado à espera do momento
em que deveria apagar todas as reminiscências,
todas as dores; que o poeta vive delas todas
oriundas de fatos ou não, criadas por vezes
na sua imaginação fértil, e mesmo assim vividas em plenitude.
Mas me cansei.
Estou para ser materialmente prático
egoísta, e estipular metas de vida.
Sem sonhos, sem ilusões, sem amores falsos,
e nenhum transtorno se ela não me responder amanhã.
Estou pronto, uma arma na mão
uma corda pendurada no teto
e o fim que se avizinha.
E no entanto
a coragem se esvai na primeira inspiração.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Quotidien
La vie...
les jours qui passent
les heures qui coulent,
la soif...
un baiser que je ne peux plus
un sourire que je ne vois plus
une caresse que je n'aurai plus
une vie
qui me le répète à tout instant,
arrête!
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Saudade
um rosto, uma fala, um acontecimento que se apagou...
domingo, 10 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Noites mornas.
O silêncio que me incomoda agora
em contraste ao silêncio de outrora
onde duas estrelas transbordavam de energia.
Sinto frio nas noites de verão,
e o outro silêncio, que silêncio!
transbordava de vida, de luz, de calor
e tudo era caminho, viagem, erva renascendo no jardim
e corações criadores de estrelas
em silêncio!
Triste
Queria saber, ah! como queria saber
o porquê de silêncios tão marcantes
de olhares mudos que falam à alma,
de sentires sem toque, palavras que acariciam.
Almas que se beijam no pensar uníssono,
encontros improváveis nos sonhos de noites quietas,
e do amor pairando acima de tudo,
deixando da vida o duro labor diário
lirismo, viagem onírica
mundo que desmorona ao primeiro raiar do sol.