Segue-me como sombra, na memoria, no coração.
Persegue-me em sonhos no calor das horas
pelas tardes embotadas de agosto.
Me apego numa lembrança; ela nada sabe
dessa saudade que me destroça ao fim do dia.
E a onda de perfume que ela leva nos cabelos
e meus olhos faiscantes ao lembrar seu nome
e esse medo de morrer sem que lhe traga um dia
numa dessas manhãs de relva orvalhada,
ou quem sabe, depois
d'uma chuva repentina e trovoadas
e todo aquele aroma de terra molhada,
meu coração nas mãos, inteiro, febril, generoso e brando.

- Flavio Dutra
- Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Hiroshima 8:15
Oh! Hiroshima, Hiroshima!
Por que te esquecestes de mim?
Eu pairava sobre teu povo e dormitava em suas esteiras
ao raiar do sol das 8 e 15, aquele dia.
Me surpreendo ainda olhando no passado:
eu estava no berço e chorava pelo seio materno,
onde minha mãe? onde? onde os braços protetores?
Onde os homens que usurparam minhas asas
para com outras
metálicas, de duro brilho sobre meus ombros
duros algozes,
virem queimar minha relva no meu jardim
e trucidar minhas papoulas inocentes e úmidas no amanhecer?
Venham homens do poente com vossos encouraçados estúpidos
quero ofertar-lhes o meu perdão!
Venham homens do poente com vossos encouraçados estúpidos
quero ofertar-lhes o meu perdão!
Oh! Hiroshima! Hiroshima!
Lembra-te de mim ainda!
Lembra-te de mim em todas as pedras calcinadas de teus prédios
de teus muros, da cada calçada
onde ouviram apressados e sem rumo
meus passos naquele dia.
meus passos naquele dia.
Lembra-te de mim que ainda procuro aqui o meu jazigo,
meu leito que não me destes, porque ainda vivo eu em ti.
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