Diga que não posso ser eu
constante, genuino e mordaz.
A franca palavra lançada no meio da sala.
Serei então fragmentos
impróprios, emprestados de papeis secundários
e o riso falso, a felicidade vivida no palco,
até que meu coração expluda na gaiola
de angustiantes grades de tédio.
Diga então que não posso ser
e outro virá
ao cair da noite, ao amanhecer, quem sabe
como algoz
um outro que não eu
a pisar meus sonhos, a cuspir quimeras em meus dias
a delatar meus prazeres secretos
e violentar a paz monástica dos meus dias anciãos.

- Flavio Dutra
- Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Não gosto de postar obras de outros autores aqui, mas numa noite como esta em que me falta palavras pra dizer o que sinto, ninguem melhor e mais autorizado que possa expressar com suas palavras meus sentimentos. Pablo Neruda.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros à distância".
O vento da noite gira pelo céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis e por vezes ela também me quis.
Em noites como esta apertei-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela me quis e às vezes eu também a queria.
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela.
E cai o verso na alma como o orvalho no trigo.
Que importa se não pôde o meu amor guardá-la?
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. À distância alguém canta. A distância.
Minha alma se exaspera por havê-la perdido.
A mesma noite faz brancas as mesmas árvores.
Já não somos os mesmos que antes tínhamos sido.
Já não a quero, é certo, porém quanto a queria!
A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos.
Já não a quero, é certo, porém talvez a queira.
Ah, é tão curto o amor, tão demorado o olvido.
Porque em noites como esta a apertei nos meus braços
minha alma se exaspera por havê-la perdido.
Mesmo que seja a última esta dor que me causa
e estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito."
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros à distância".
O vento da noite gira pelo céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis e por vezes ela também me quis.
Em noites como esta apertei-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela me quis e às vezes eu também a queria.
Como não ter amado seus grandes olhos fixos?
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela.
E cai o verso na alma como o orvalho no trigo.
Que importa se não pôde o meu amor guardá-la?
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. À distância alguém canta. A distância.
Minha alma se exaspera por havê-la perdido.
A mesma noite faz brancas as mesmas árvores.
Já não somos os mesmos que antes tínhamos sido.
Já não a quero, é certo, porém quanto a queria!
A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos.
Já não a quero, é certo, porém talvez a queira.
Ah, é tão curto o amor, tão demorado o olvido.
Porque em noites como esta a apertei nos meus braços
minha alma se exaspera por havê-la perdido.
Mesmo que seja a última esta dor que me causa
e estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito."
sábado, 14 de janeiro de 2012
Os olhos eram duas fogueiras azuis
intensas
que me diziam da incerteza, do medo
e eu sabia o que poderia haver por trás deles.
O deserto crescente aproximando-se,
abarcando com sua aridez toda a primavera incipiente,
e nenhuma lágrima
que alimentasse aquelas raízes mal brotadas.
As mãos, tão outrora firmes, poderosas!
enérgicas e suaves a um tempo,
já distantes agora e sem vida que me transmitam.
Fuga inquietante do olhar, desassossego
e a fatalidade inexorável do afastamento
a nos olhar, nos olhar
e sem que pudéssemos evitar...
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