
- Flavio Dutra
- Eu me contradigo? Pois bem, eu me contradigo. Sou vasto, contenho multidões. (W.Whitman)
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Um minuto a meio da tarde.
Um piano ao crepúsculo.
domingo, 6 de dezembro de 2009
chuva fina que rola na calçada,
chuva fina e fria que vem do céu imenso e cinza.
Oh! chuva fina e fria que cai como um véu sobre mim
quando tento fugir caminho afora, do que sou hoje.
Chuva fina e fria que me fere, me oprime,
chuva fina que deita lembranças em minh'alma.
Oh! chuva, chuva insistente e triste,
o que queres me dizer com teus fios de seda
dissolvendo-se em meus cabelos caídos
sobre meus olhos úmidos, em disfarçada saudade?
Conta me dela ao menos,
diga-me onde anda,
em que caminhos vagueia sob tua insinuante teia,
conta me dela ao menos, se abriga-se sob um telheiro seguro
ou como eu percorre ainda uma estrada infinita,
nós dois perdidos,
eternamente desencontrados e sós.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
pois amo a vida e sei que ela me protege, sou seu filho.
Nenhum receio nas horas mais difíceis, pois sei
o caminho mais íngreme leva ao topo da montanha
de onde descortina-se a beleza do vale
e quem sabe, o mais puro pôr-do -sol.
Nessas horas eu me aquieto,
sento e espero a passagem do tempo
e deixo vergastar-me o rosto a fúria das tempestades.
Sempre virá o dia depois, num circulo eterno
de retorno, retorno, retorno
e nesse movimento estarei de volta aos dias de sol,
aos momentos de adoração ao amanhecer
quando cantarei a plenos pulmões minha alegria para o mundo
ou simplesmente usarei algumas horas
assobiando uma cantiga de amor
com um lindo sorriso maroto iluminando meus olhos.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009

sendo grande demais essa distancia.
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
No ar silencioso e parado, nenhum movimento
que alivie o ardor da pele.
Passam minutos infindos e letárgicos
sobre o corpo nu colado aos lençois de seda.
Em um momento vem o ruir de castelo de cartas,
deixando à mostra imagens antigas na parede.
E no ar parado, na fornalha úmida do quarto
um quadro oscila
num vai-e-vem de desejo e repulsa
meneando a cabeça de lado a lado,
numa negação.
sábado, 14 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
e o que já foi esbanjado me será cobrado, é certo.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Carne, ossos e protuberâncias;
sentado de pernas cruzadas seguro meu tornozelo,
movimento meu pé e sinto as articulações.
O que sou eu afinal?
Mente que pensa possuir um corpo
ou corpo que pensa?
Meus músculos ja não me garantem a eternidade
que almejei uma dia nos albores da minha juventude,
e no entanto meu coração
sente sempre em descompasso.
Fora de sintonia com o resto, ele insiste sempre
em amar.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
domingo, 18 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
meus atos temerários do passado,
a fuga de dores mal suportadas
a imaginação que voava
no entusiasmo de conhecer cada coisa bem de perto.
Nesse momento eu paro e perscruto o horizonte incerto
parado no meio da estrada eu olho atrás, não há volta possível,
muito chão percorrido
e se volta houvesse, para onde?
O ponto de partida perdeu-se no tempo.
Olho à frente, o desconhecido, sempre o desconhecido.
Ainda me arrastarei por esse pó, em infinitas eras
e não conhecerei o caminho que aparece à minha frente.
Desejo me sentar na grama molhada e fresca ainda de orvalho
e percebo que seria por pouco tempo esse descanso possível,
tendo que voltar a caminhar, interminavelmente, incansavelmente,
carregando o pó da estrada na secura dos meus pulmões,
levando nas minhas sandálias de borracha
uma sede jamais saciada.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
são puros,
confundem-se,
sem malícia se perdem,
se doem por outros.
Ao andrajoso caído
a mão, levanta-te!
vem e anda comigo.
Anjos são calmos
não riem, sorriem,
com ternura nos olham
nos olhos oceanos
de acolhedora doçura.
Anjos são limpos
de maldade ou prazer,
falam de amor,
minimizam a dor.
Anjos elevam
arrastam da torpe
crueza da lama
ao mais infeliz.
Anjos olham com classe
no âmago do ser,
animam as mentes
mostram a luz
aos mais indigentes.
Anjos imploram
por serem
simplesmente
onipresentes.
Sempre fui de fazer as coisas que gostava. Sempre fui de lutar pelo que desejava alcançar. Lutei muitas lutas, algumas inglórias mas nunca tive medo de perder como também não lamento minhas perdas porque elas fazem parte da minha historia. As minhas conquistas as compensam com larga vantagem. Nunca tive as melhores chances na vida e por isso me vi obrigado a cria-las por mim mesmo. Sou o que sou porque me fiz quase sozinho. Escolhi meus caminhos e tentei segui-los da melhor forma que me permitiam minhas ferramentas, ou seja, meu cérebro e minha força vital. Porém, com a idade vamos perdendo o ímpeto que nos dava a energia da juventude, vamos nos endurecendo e o medo, que antes não incomodava, passa a nos rondar todos os dias. Não saltamos mais. Caminhamos lentamente com passos indecisos rumo ao ostracismo, sem perceber que no fim só existe a morte e perdemos um tempo precioso analisando cada gesto, cada palavra, cada pisada no mesmo chão que antes era tão firme. Deveríamos reagir e lutar, mas alguma coisa nos falta, talvez a vontade de continuar. Desejamos o repouso do fim do dia quando ainda nem chegamos ao meio da tarde. Vamos nos entregando ao imperioso desejo de desistir e até chegamos ao absurdo de desejar a morte como saída mais fácil. Não falo de um desejo de suicídio, mas do sentimento que nos domina e nos engana, de que a morte será o descanso almejado. Temos isso em todos nós, desejamos a morte sempre e no entanto quando colocamos isso em nível consciente nos assustamos. A verdade é que sempre desejamos e até procuramos a morte. Eis aí o paradoxo.
Ha contudo uma outra forma de analisar a fatalidade. Já que vamos mesmo morrer, e ninguém pode evitar seu próprio fim, por que não lutar para ter o que desejamos? Por que não reagir, sacudir a apatia e partir com vigor contra as hostes do desânimo que nos assaltam? É a nossa única opção: LUTAR.
Morrer vamos todos, mais dia menos dia. Então, que morramos lutando pelos nossos sonhos. Pelo menos teremos a chance de realiza-los.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
amarfanhado e sem vida,
deixando lamento
e somente irrisão.
Lua, lua…
Lua Crescente no horizonte aberto, sorridente clarão promissor,
a olhar-te tão perto e impossível, sonhos em noites de brisa morna
e me esquecendo que haveria futuro,
me contento de tua visão hipnótica,
melodiosa canção preenchendo o espaço em torno de mim.
Lua Minguante, sorriso morrendo, tristeza que se insinua em mim,
canções distantes apenas solfejadas na memoria,
lembrança, saudade, melancolia de noites sem cor
e a fuga,
vai-te fugindo céus afora,
deixando a esperança de rever-te, alimentada sempre
em noites de Lua Nova, escuras e solitárias, na espera do dia.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Pouco a pouco sossega meu espírito, como bebê cujo embalo vem do mar.
Mar tranquilo, que vejo agora sentado na areia, admirando seus movimentos, ondulações em linhas suaves, uma espuma ou outra, pequena, se formando no refluxo das ondas.
Pequenas ondas que apenas tocam a praia, numa dança lenta, me tocando também onde estou sentado.
Meus ouvidos abarcam as distancias povoadas de murmúrios em casebres de pescadores na hora de dormir.
Não me sinto mais vivente, sou névoa, neblina branca, parte das emanações que sobem da água salgada e pacífica.
Meus olhos se perdem no infinito aquoso. Na noite envolvente, sinto seus movimentos e percebo que tem vida, que sente, que se farta também do mundo exterior. Estamos próximos demais, eu e o mar, nos identificamos um com o outro. Sei que ele tem suas horas de repouso e melancolia, de saudades e de sonhos.
É um corpo que vibra, que ama, e nessas horas ele se mostra o mais terno, singelo amigo.
Me dispo e caminho relaxado em direção às ondas, passo a passo vou entrando no seu corpo líquido, fecho os olhos e recebo seu abraço, envolvente, cálido, energizante. E assim sou levado de um lado ao outro, embalado no mais puro e divino amor das ondas afetuosas e maternais do oceano noturno.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
quase sinto seu frescor na pele do corpo.
não é mata, nem pés descalços na areia.
alongando felinamente o corpo ainda deitado.
fico a olhar languidamente a cidade,
melancólica paisagem silenciosa
por trás de uma cortina de chuva
espessa, morna e tremendamente calmante.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Essência Sentimental, by Guga
Fragmento poético de minha alma
perdida na escuridão de lágrimas
pedindo seu amor que não me socorre
crescente solidão que me domina.
Esperança de um amor solitário
levando meus olhos para o nada
dissipada em pequenos fragmentos,
fragmento poético de minha alma.
Um dia talvez você apareça
pedindo meu amor guardado em meu peito
eu esperarei pacientemente
fragmento poético de minha alma.
Se você precisar estarei por perto
meu pensamento estará sempre em você
se você precisar estarei perto
minha mente andará sempre com você.
Meu coração e minha mente lhe esperam
seja feliz em toda sua caminhada
estando você junto de meu amor ou não
fragmento poético de minha alma.
Se você precisar estarei por perto
meu pensamento estará sempre em você
se você precisar estarei por perto
minha mente andará sempre com você.
...FRAGMENTO POÉTICO DE MINHA ALMA...
( Poema escrito por Gustavo Dutra, meu filho de 15 anos, como uma canção para sua banda “PSALM”, que está nascendo agora.)
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Leva-me às campinas floridas
onde o dente-de-leão dissolve-se no ar,
levado pela brisa
das manhãs ensolaradas de Setembro.
Deixa-me la, entre flores do campo,
da-me um cesto e um rústico chapéu de palha
e passarei o dia a colher um caleidoscopio de florzinhas
singelas, inocentes florzinhas
para minha amada, quando ela voltar.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Enigma
não vejo da tua face senão os receios infundados
Quando te encaro indagador
Me sento nu na tua presença
O que és? Quem és? que se me apresenta assim
Meu coração se encolhe num lastimar terrível de solidão e medo,
e o silencio me envolve na noite passada na angustia.
Virá a manhã novamente me despertar dos pesares?
Serei eu mais uma vez, eu ao nascer do dia?
Ou devorado pelo teu silencio e para sempre extinto
domingo, 6 de setembro de 2009

Quanto vale um homem?
da autenticidade do carater?
Qual o preço a receber pela honestidade,
a sinceridade no falar,
a firmeza ao olhar sem receio
nos olhos do interlocutor?
Quanto devo pagar pela confiança,
essa jóia rara e delicada e frágil
dedicada à pessoa em tempo integral?
Qual o preço do amor? O amor dedicado, alegre, juvenil, altruísta e são.
Qual o preço da amizade real?
Do abraço amigo e inesperado em horas de solidão?
Quanto devo pagar por isso?
Quanto me cobrariam os traidores para me dar isso que busco com afinco?
Minha moeda é o mesmo que ofereço. Não há valor mensurável maior
e minha oferta é muitas vezes recusada.
Mas não tenho mais que isso a dar em troca
e como Diógenes, ando pelo dia, lanterna em punho
à cata de personalidades oníricas em extinção.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
quando eu te via querida amante, linda nos meus sonhos,
amada dos momentos tão cheios de carinho,
tão casta, tão divina, deusa em altares de adoração,
querida volúpia em desejos inconspícuos,
infindaveis horas a trocar caricias sonoras no espaço.
Falar é pouco e é tudo,
sonhar com teu corpo
e quase tudo em silencio emotivo
sentir teu desejo, e transplantar o meu em teu corpo
sendo a distancia improvável, presença clara e sensível
meus nervos e pele se desfazendo,
minha mente, meus orgãos vitais
meu corpo, todo ele em paz e feliz, saciado
tenho saudades do tempo das nossas verdades
que belas, que lindas, que tão divinas, tão simples e reais.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
O vizinho sorri cordato,mas sei que ele não sabe de mim,
não conhece meus dissabores nem minhas conquistas,
ou minhas visões de profeta amador.
A mulher na janela não crê numa palavra que digo
e mesmo assim sorri numa cumplicidade inócua.
Minha vida passa pelas vidas deles sem marcas
e saberão um dia que fui
cidadão das sete horas da noite e das madrugadas insones,
das manhãs lavando a calçada ou molhando as plantas no jardim,
dos domingos de pijama largo, olhando a rua sem movimento.
Mas eu, olhando suas vidas sem que o percebam,
vejo que eles me marcam de forma indelével
com seus amores perdidos ou esquecidos por vergonha ou tédio,
seus sonhos descritos em falsos regozijos no portão na tarde de sábado,
e os amo, reconheço-os em mim mesmo
e sem que o saibam, recolho-os ao meu peito e os admiro pelo que são.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
são o liame que me atém à vida
e sem eles seria vazio, estéril semente sem solo,
desértica imensidão de atos sem razão,
palavras mortas ou mal nascidas sem raiz.
Em meus sonhos eu vejo a mulher ao meu lado
e vindo a noite eu me faço senhor das promessas
e a desnudo em meus braços, branca e suave,
deleite de corpos, união de pensamentos e atos,
um querer sem fim, insaciável ânsia de ser tudo,
sempre inacabada, infinita procura da plenitude no caos.
A busca frenética da infinita bondade
a entrega nas mãos que domam e amam a um só tempo
o volver ao seio da maternidade incestuosa
e uma arrebatadora agonia me perpassando os sentidos
numa corrida louca de miríades de fótons enlouquecidos.
Meu dia ideal
Sorrir com brilho nos olhos e o sorriso bastar, sem necessidade de palavras.
Ficar assim em silencio, abraçadinho a você por um tempo e depois,..
depois agir como se nada tivesse acontecido, o coração pleno,
preenchido até a borda,
de uma alegria secreta que outras pessoas não poderiam compreender.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
e o tempo é um circulo que se repete, repete...
Eu me perco andando à volta
onde tudo é secura e fome não saciada.
Vasculho meus alforjes à cata de sobejos
esperam ...quem quer que venha na chuva
mas a chuva... não chove, quanto tempo se foi?
O tempo não se conta mais,
como num exílio,
exilado da luz
e no entanto... eu a vejo e não a sinto.
Umbral que não transponho,
onde me sento quieto e apenas olho, observo
à espera...
domingo, 16 de agosto de 2009
entre a incompreensão e a surpresa os observo.
Vejo sorrisos tão belos quanto insensíveis e frios olhos implacáveis
sobre um coração que palpita em constante e monótono pulsar
de relógio mecânico.
Não deveria surpreender-me, e contudo sempre me surpreendo.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
pensar muito faz mal
pensar muito esgota minha estrutura já tão frágil
pensar muito me coíbe certas coisas que amo
quero ser inconsequente
quero comer banana muito madura e ingerir algumas bactérias
quero andar sob o sol escaldante sem medo do câncer de pele
quero beber uma cerveja ingrata que vai me dar barriga
e talvez uma dor de cabeça
quero comer fora de hora, quero sexo sem medo, na hora!
quero não pensar no celular que me agride a todo momento
que intromissão!
não quero pensar, pensar muito me cansa, e essas publicidades
que me apontam tudo que é bom pra mim, apartai-vos de mim!
quero andar descalço, quero sentir a terra sob meus pés
quero não comer de manhã
eu como antes de deitar, ou na hora que me apraz
faço xixi de pé e sinto o tremor quando acabo
me da prazer
não quero ninguém me ensinando a pensar
pensar muito faz mal
pensar muito me inibe, não amo
para amar é preciso não pensar
não, não quero pensar!
quero amar!
terça-feira, 11 de agosto de 2009
O ciúme
noite adentro
matar os meus filhos.
Nada posso contra ele
e me afasto em silêncio.
Nenhum traço de lucidez no maior dos rancores
nenhum laivo de dor
também nenhuma compaixão.
Minhas perdas congelam meu sangue no olho
e esse ódio que grita dentro de mim
e tenta se livrar a si mesmo,
que ódio é prisão, ciúme é prisão, posse é prisão
querer possuir é prisão.
Não morro no primeiro golpe mas enfraqueço meus membros
talvez eu não sobreviva na primeira noite
ou nem queira saber depois e siga indiferente um caminho já conhecido
mas a luta é inútil, e se me debato é em vão.
Não posso vencer, não há vencedor
só perdas e dores vindas do nada, e sinto uma fadiga imensa nessa hora.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Hiroshima 8:15

Venham homens do poente com vossos encouraçados estúpidos
quero ofertar-lhes o meu perdão!
meus passos naquele dia.
Presságio
segredos e canções,
e trazendo um aroma da serra.
e cristalizou um novo brilho em meu olhar.
É por isso que meu coração salta na garganta
quando sinto esse vento em meus cabelos
e meus olhos se fecham
numa revolução de sentidos, emoção e fé.
Veio entregar-me, cansado e trôpego,
um novo sonho, uma nova crença
solevando minhas pálpebras tão áridas
para que eu possa olhar acima e além, e ainda mais alto,
e sorrindo entre lágrimas incrédulas dizer:
- Estou aqui! Meu sonho...eu vou!
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Vento do Norte
ouvindo gaivotas e ondas que rebentam em espuma
queria ter você recostada em meu peito
olhar em repouso no horizonte
a respiração suspensa num encantado instante
e que você me olhasse bem nos olhos e apenas dissesse:
- "Meu vento do norte!"
Eu esboçaria um sorriso tremulo
de felicidade contida
e sem mais o que dizer
me entregaria
ao lindo prazer de se olhar em silencio.
domingo, 2 de agosto de 2009
Um dia veio o inverno baixar suas brumas de cinza e chumbo sobre meus tesouros. Meus olhos não viram mais a singeleza do lago e meus ouvidos tornaram-se surdos para o canto das águas que antes corriam pelas pedrinhas brancas. Passou-se um tempo nem curto, nem muito longo, mas suficiente para que meus olhos se habituassem à escuridão da cegueira e meus ouvidos ao silencio da surdez.
Como não há mal eterno, veio também o dia em que de longe vi as brumas se dissiparem. Corri à minha fonte, saudoso do seu canto e da visão do lago de nenúfares brancos. Meus olhos constataram com incredulidade que o impossível havia acontecido: Minha fonte havia secado!
Não chorei a morte da minha fonte. Desviei o olhar. Um momento depois virei as costas e parti em direção às montanhas onde, ao nascer do dia, tinha ouvido um riacho correr entre as pedras, formando corredeiras e cascatas, e meus olhos ansiavam pela paisagem que poderia descortinar la de cima.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
meus olhos sonhadores nas sombras que se alongam
entre os raios dourados do ocaso,
ouvindo ao longe murmúrios da vida que se aquieta,
sons de vozes que chegam e partem sem dono,
cães queixosos em quintais incertos e ruas de terra nua;
aspirando a brisa indecisa de um inverno tropical,
meu coração em cadencia branda se aninha no peito,
e um friozinho, um quase arrepio
se insinua pelos meus cabelos e passeia pelos meus poros.
Olho à volta num chamado mudo e percebo
a esperança a caminho, nos braços trazendo você.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Coração de Safira
você não pode me encontrar na feira de domingo
entre brócolis, castanhas e flores,
porque sou único e não estou exposto a olhares indiscretos.
Viaje pelo universo e não verás algo próximo, sequer semelhante.
Meu poder não está no brilho que reservo com avaro ciúme
está na pureza da gema, perfeita cor e bom quilate
em mãos improprias seria perigo, cobiça, ódio, crimes e guerras.
Sou raridade única e cobiçada,
então me disfarço em andarilho e fujo do burburinho das praças.
Meu segredo carrego pra sempre oculto
e se uma rainha de coração nobre viesse um dia
Eu seria radiante estrela cintilante, fogo, raio,
radiação cromática em arco íris
e multidões se curvariam perante sua majestosa altivez.